Um novo momento, se nossos representantes permitirem
As Leis da Ficha Limpa e de Acesso à Informação são duas inegáveis vitórias obtidas pela sociedade nos últimos anos. Seus efeitos perdurarão na política nacional. São indeléveis avanços democráticos, ainda que não tenhamos progredido na reforma política. Por outro lado, assistimos cotidianamente ao retrocesso escancarado nas nomeações em funções comissionadas.
Para esse cenário excêntrico, já tivemos contribuição da Câmara de Vila Velha, que pagou viagens a servidores que sequer sabem para onde foram, além de várias outras fanfarronices com dinheiro público. Já o Governo Estadual, tem sido chamado pela imprensa de “Sine dos derrotados”. O apelido é coerente. O governo já abriga um numeroso grupo de ex-prefeitos e ex-secretários que, afastados da política pelo voto popular, foram apadrinhados pelo governador Casagrande.
Nessa fatura figuram até nomes mais polêmicos, como a recém-nomeada Norma Ayub, esposa do Presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico Ferraço e alvo da Operação Derrama, na qual permaneceu presa por uma semana. O próximo nome a completar o time pode ser do ex-prefeito de Vila Velha, Neucimar Fraga, derrotado no último pleito. E no Legislativo, a imprensa tem citado a tentativa de Theodorico em nomear outro nome polêmico, o ex-prefeito de Guarapari, preso na Operação Derrama, Edson Magalhães. Para completar o festival de estripulias com o chapéu alheio, Theodorico comentou que a Assembleia Legislativa mais uma vez fará a indicação para Conselheiro do Tribunal de Contas observando as exigências constitucionais. Entretanto, ignorou solenemente que o Conselheiro que acaba de sair – Marcos Madureira – teve a nomeação anulada por não possuir reputação ilibada e idoneidade moral.
A Lei da Ficha Limpa mostrou com todas as letras que o ambiente político deve ser reservado àqueles que fazem da vida pública um palco de probidade e decoro. E quebrou o paradigma de que só uma condenação com trânsito em julgado pode ser suficiente para afastar os ímprobos da política. Basta a condenação por órgão colegiado. Cabe agora, aos representantes do povo, entenderem o recado, indicando perfis íntegros e com formação compatível à responsabilidade do cargo. Alternativamente, pode o povo, também, substituir aqueles que o representam.
Por Edmar Camata Sec. de Comunicação da Transparência Capixaba