Imprimir

A violência no bolso do consumidor

A violência está estampada todos os dias nos meios de comunicação. Ficamos aliviados quando o último membro da família chega a casa e ouvimos aquele som maravilhoso da porta se fechando, dando graças a Deus por mais um dia a salvo e nos recolhendo dentro de nossas casamatas urbanas.

O instinto de sobrevivência fala mais alto e vamos nos tornando cada dia mais anti-sociais, mais fechados no nosso mundo, parados na frente de um computador ou de uma televisão, quando a vida é ilimitada de oportunidades para nosso desfrute. Namorar, passear a pé na rua, ir à padaria a pé, esperar o ônibus, simplesmente conversar com nosso vizinho. Coisas tão banais, simples, que estamos deixando de fazer em nome da segurança, em razão do medo. Numa palestra recente, tomei conhecimento do “Mapa da Exclusão” da Região Metropolitana de São Paulo, onde fica explícito quem está preso e quem está solto naquela região.

Na luta pela sobrevivência estamos gastando o que não temos sem perceber. Pagamos diretamente pela segurança particular de nossas casas, prédios, com alarmes, câmeras, vigias, etc. Pagamos indiretamente pela segurança dos supermercados, pela segurança dos bancos, além de pagar pela “segurança” pública. Porém, nada disso nos dá a sensação de segurança, a tranqüilidade que buscamos.

O Brasil gasta (isso não é investimento) por ano mais de 100 bilhões em novos presídios, reformas e sistema prisional, além do Judiciário, do Ministério Público. E os gastos com as vítimas da violência nos hospitais, nos afastamentos do trabalho, nos benefícios previdenciários, nos gastos com seguros. A lista é inesgotável, infelizmente.

Também é inesgotável a lista dos recursos não ganhos, como postos de trabalho que deixam de existir, não pela falta de empreendedor, mas pela falta de cliente com coragem de enfrentar o turno da noite. O turismo não se desenvolve, por razões óbvias. A cidade de Recife, segundo as estatísticas oficiais, é a mais violenta do país, era referência para o turismo e sofre os efeitos maléficos da violência.

Não quero passar uma mensagem apocalíptica, nem de ausência de fé num futuro melhor, pois sou otimista por natureza. Mas, se continuamos a acreditar em gestores públicos quando dizem com aplausos de platéias pagas, que “política é vocação”, e que com a ajuda de sua equipe vai “tirar da cartola” uma solução mágica para um problema tão complexo e multifacetado: duvide!

Não existe solução simples e pronta para a violência, é preciso ser construída por todos nós, comprometida com uma sociedade melhor, mais digna, com menos excluídos e mais cidadãos.

Adicionar comentário


Código de segurança
Atualizar