Estudo do DNA da poeira
Desde 2002, quando a UFES fez para as Associações o Projeto Ilhas, que perseguimos o objetivo de identificar detalhadamente quais as fontes que mais contribuem para o pó preto que nos assola. Àquela época, o Relatório Final nos apontava que as fontes industriais eram as mais importantes, e dentre elas, as da VALE e as da ARCELOR eram as principais, nesta ordem. Por isso, concentramos nossos esforços em relação à VALE em primeiro lugar, resultando, com o acionamento do Ministério Público, no TCA assinado com esta empresa.
Em seguida, há 4 anos, iniciamos as negociações com a ARCELOR, infelizmente resultando na Ação Civil Pública proposta pelo MP em 2011, em detrimento de um TCA, que sempre foi o nosso objetivo. Ainda no TCA da VALE, um dos itens era que a empresa bancasse um novo estudo a ser feito pela UFES, agora com o objetivo de detalhar mais ainda os resultados do Projeto Ilhas, de modo que pudéssemos identificar dentro de cada empresa, quais as fontes que mais contribuíam.
A empresa banca os custos, mas como todo o TCA, o gerenciamento é da Comissão de Acompanhamento do TCA, constituída pelo IEMA, Vale, Associações e MP, com a coordenação deste. Esperávamos com este novo projeto, concentrar nossos esforços nas fontes principais de cada uma das empresas, e assim, obter resultados mais consistentes e mais rápidos. Para nossa surpresa, após 4 anos de espera da nossa parte, o trabalho da UFES apresentou um retrocesso em relação ao Projeto Ilhas, pois não detalhou quais fontes de cada empresa, e pior, aglomerou o resultado em 3 grupos principais: fontes industriais, construção civil e veículos. E mais: se utilizou de um inventário de fontes (dados de emissão das várias fontes de cada empresa) desatualizado.
Este inventário não contempla as diversas intervenções já implantadas pelo TCA da VALE, e ainda pegou amostras durante o período da crise econômica de 2008, quando as empresas estavam com suas produções reduzidas. Diante deste impasse, a Comissão resolveu por unanimidade recorrer à USP para estudar a possibilidade da mesma assumir a continuação do trabalho, até que possamos detalhar as contribuições de cada fonte de cada empresa.
Hoje estamos na reta final de entendimentos com a equipe técnica da USP, que já fez uma primeira reunião aqui em Vitória conosco e já acenou com a possibilidade de obtermos os resultados que desejamos. Devemos ter uma nova e derradeira reunião ainda nesta primeira quinzena de Junho e, finalmente, reiniciarmos o estudo. Este projeto será pelo método de deposição. Paralelamente, estamos contratando uma empresa capixaba, extremamente habilitada, a fazer um outro estudo, pelo método de dispersão, que nos vai trazer a possibilidade de confirmar cada um dos resultados.
Por Paulo Esteves Associação dos moradores da Ilha do Boi