Crise social
Entre os 50 milhões de jovens brasileiros, mais de 84% vivem no meio urbano. A maior parte desses jovens reside na periferia das cidades, convive com rotina de violência, ensino de baixa qualidade, saúde precária, metade deles vive em moradias inadequadas, portanto com uma qualidade de vida ruim.
Dois milhões dos que têm entre 15 e 29 anos vivem em favelas e quase 15% deles permanecem fora da escola; é grande a desproporção entre idade e série, pois nem a metade dos alunos entre 14 e 15 anos está no ensino médio, etapa crucial da educação.
Pior, essa freqüência continua sem melhora significativa, comprometendo o futuro de milhões de brasileiros. Dessa forma, a desigualdade avança para o âmbito dos postos de trabalho, pois a qualidade da formação profissional faz com que o nível dessa mão de obra não atenda as necessidades dos empregadores e comprometa o produto final.
Com um rendimento menor, as condições de vida desse grupo social deixam a desejar e aí se configura em violência, visto que para grande parte dessa multidão restará apenas o trabalho informal e pequenos “bicos”. Enquanto prevalecer esse quadro, certamente continuaremos a conviver com gravíssimos problemas sociais, onde o consumo e o tráfico de drogas têm provocado enormes problemas para a sociedade.
É fato que todo traficante é um assassino em potencial. Como também é fato que todo usuário de drogas é uma vítima em potencial. Precisamos urgentemente suscitar em nós uma reflexão acerca da violência que atinge e tolhe a vida de muitos deles e questionar os governantes sobre as políticas públicas.
O que está sendo ineficaz? A qualidade da educação, da saúde pública, da assistência social, o deficiente conjunto de leis (Código Penal), o número insuficiente de membros que operam a segurança pública? Segundo dados do Mapa da Violência 2012, os assassinatos de crianças e adolescentes no país, entre 1980 e 2010, aumentaram 376%, ao passo que, no mesmo período, os homicídios como um todo cresceram 259%.
Em 1980 os homicídios de jovens representavam pouco mais de 11% do total de casos de morte por assassinato. Já em 2012, esse número subiu para 43%. Esses casos merecem o seguinte comentário: o aumento vertiginoso do assassinato de jovens no Brasil é apenas um reflexo do que pode ser considerada nossa maior bomba social. O abandono da juventude. É um tema que, apesar de todos os avanços, ainda não está na agenda dos brasileiros.
Dada a velocidade da deterioração da qualidade de vida, é preciso que a sociedade como um todo faça urgentemente uma reflexão, especialmente os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Ou avançamos ou será o caos.
Diretoria AMPC