Evangelismo x Polêmica no JVV (2)
Grandes eventos em orlas causam problemas quando não há restrições
O Jornal Praia da Costa de novembro abordou a partir de uma entrevista com o Pr. Evaldo Carlos dos Santos, coordenador do “Jesus Vida Verão” a situação polêmica que envolve o evento que acontece quase duas décadas nas areias da Praia da Costa, nos finais de semana do mês de janeiro.
Esta redação antecipou o debate sobre esta questão, pois durante o mês de janeiro, já se tornou comum a grande quantidade de moradores questionando o porquê que a AMPC não faz nada, os políticos não fazem nada, o poder judiciário não faz nada em relação aos problemas, os quais são ocasionados tipicamente nesses tipos de organizações.
Estragos na restinga nativa
da Praia da Costa após show
de Lulu Santos
Vale ressaltar, que as reclamações não são somente em relação ao JVV (que se destaca mais por acontecer todo ano e em um longo período), mas aos mega-shows em locais impróprios e ainda sem fiscalizações e cobranças por parte do Poder Público para com os organizadores desses eventos, o que resulta em, entre outras coisas, danos ambientais. Um exemplo disso, o show do Lulu Santos realizado no dia 20 de outubro de 2007, realizado por um banco, na Praia da Costa, redundou em destruição da restinga nativa (entre outras complicações) e nada foi feito a respeito.
Com isso, shows em orlas é uma questão para se pautar uma discussão ampla entre todas as partes interessadas ou prejudicadas, com o propósito de se estabelecer regras para realizações desse tipo de manifestação em praias.
Para exemplificar, a cidade do Rio de Janeiro está em um processo de criar normas sobre os grandes shows gratuitos em suas praias.
No Rio: MP abre inquérito para investigar os impactos ambientais causados pelos shows da orla carioca
As discordâncias entre associações de moradores, produtores, prefeitura do Rio e Ministério Público emergiram desde os consecutivos mega-shows realizados na orla, como a apresentação dos Rolling Stones em 2006, que atraiu uma multidão e gerou protestos dos moradores por causa do “rastro” de problemas ocasionados.
Por conta disso, este ano quatro promotorias estatuais de Meio Ambiente do Rio decidiram se unir e instaurar um inquérito civil público para investigar os impactos ambientais e urbanos dos muitos eventos que acontecem nas praias cariocas.
Segundo o MP, existem problemas com o excesso de shows quanto ao repasse de custos de infra-estrutura para o poder público e os impactos ambientais e no trânsito são além do consentido, isso sem contar, a segurança que é outro fator agravante.
O que se pretende com esse documento não é proibir shows na praia, mas estipular uma normatização que tornará possível as restrições a esses mega-eventos.
Nem sempre é permitido (em análise) aplicar realidades de uma localidade em outra, contudo, alguns aspectos do que se discute no Rio é semelhante às intempéries originadas por um assunto símile em Vila Velha: eventos na orla. Salvo as diferenças de infra-estrutura física entre essas cidades e outras questões particulares de cada qual, importa observar, neste caso, é que esse tipo de espetáculo cria adversidades, as quais devem ser limitadas.
Afinal, nesse tipo de “festa” quem arca com as despesas de ordem pública é o contribuinte, nada mais justo que este opinar e reivindicar por algo que o incomode.