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A Praia da Costa e os mega-eventos

Os anos passam, os gestores públicos passam, mas a situação dos moradores da Praia da Costa continua a mesma, ou seja: são destituídos da sua condição de moradores, cidadãos e contribuintes sempre que alguma entidade resolve realizar seus mega-eventos promocionais nas areias da Praia da Costa. E neste momento os moradores locais nunca são convidados a opinar sobre o assunto. E o pior, a Associação de Moradores da Praia da Costa, que os representa, é a última a saber e a primeira a ser acionada no dia seguinte a estes eventos. Isto porque o morador já não confia suas reclamações aos órgãos públicos e busca na AMPC o apoio a sua indignação e reclamações.

Fica uma dúvida que não quer calar: será ingenuidade dos gestores públicos ou uma mistura mal-sucedida de ignorância com má-fé do organizadores? O que parece passar despercebido a eles (ou seria quem os  autoriza?) é que na Praia da Costa  moram pessoas o ano todo, isso mesmo: 365 dias! Pessoas que trabalham e que como todas as outras pessoas do planeta querem desfrutar ao fim do dia e da semana da paz e tranqüilidade a que fazem jus.

Pois é, caros leitores, mas nós que aqui estamos, trabalhamos a semana toda, passamos diariamente por toda a sorte de engarrafamentos, trânsitos, vias de acessos interrompidas dentre outras coisas, e quando chega, finalmente, o fim-de-semana... somos surpreendidos com o acesso à nossa casa impedido, o trânsito desviado e sem a menor condição de aproveitarmos o local no qual fizemos nossos investimentos em nome do conforto e da tranqüilidade nossa e de nossa família.

Será que estes organizadores e os autorizadores conhecem o dia seguinte deste morador? Será que tem idéia de como os equipamentos públicos, a praia, a areia, a vegetação ficam destruídos?  (Por falar nisso... onde estão as organizações ambientais de plantão que não se manifestam publicamente sobre o assunto?). E tem mais, dependendo do evento quantos cidadãos que não residem na Praia da Costa ficam sem policiamento, ambulâncias, dentre outros serviços públicos, já que os organizadores deslocam parte considerável desses serviços para dar cobertura aos seus mega-eventos?

A resposta dos gestores públicos pode ser: “Nossa quanto rigor nessa colocação, pois trata-se apenas de um evento, que como o nome mesmo diz, é “eventual”, apenas um final de semana! Que povo mais xenófobo!”. E ainda justificariam o “dia seguinte” com as obrigações contidas em contrato: “Qualquer dano causado ao patrimônio público deverá ser imediatamente ressarcido pelos realizadores”.

Primeiro que isso é pura “balela”, sabemos que esse ressarcimento muitas vezes ou demora demais ou nem mesmo chega a acontecer e independente disto, como ressarcir aos moradores o aborrecimento pela restrição ao acesso às suas residências? Como ressarcir ao morador a perda de tempo, às vezes fatal, a hospitais e à policia em situações de emergência ocorrida pela completa falta de acesso às vias públicas(?) bloqueadas pelos organizadores? Como ressarcir aos moradores as noites de sono perdidas? Como ressarcir ao morador e à natureza os danos ambientais gerados? Isso tudo também está previsto no contrato? Claro que não: isso tudo não tem preço! Não há nada que restitua saúde, paz, segurança, tempo perdido e danos ambientais!

E olha que coisa interessante: quando uma imobiliária oferece a um pretenso futuro morador da Praia da Costa algum imóvel, sempre justifica os preços estratosféricos do bem como sendo o preço que ele deve pagar pela saúde, paz, segurança e qualidade de vida oferecidas pelo bairro. E a gente acredita e paga! Afinal, acreditamos que exista um poder público que nos garanta isso.

Que fique claro que não pretendemos levantar um muro, separando a Praia da Costa dos outros bairros, mas sim chamar a atenção das autoridades para um problema local, criado por organizadores que a título de gerar “novas opções culturais ou esportivas” (que não passam de atividades explicitamente comerciais) tomam a areia e as vias que pertencem a todos, atingindo em cheio os moradores locais. Seremos sempre a favor da realização de eventos culturais e ou esportivos na Praia da Costa, desde que não nos privem dos mesmos direitos dos moradores de outros bairros.

Mas nem tudo aparentemente está perdido, tivemos a boa noticia do prefeito Max Filho, que designou o Secretário Municipal do Meio Ambiente para elaborar um caderno encargos (condicionantes) para a realização de qualquer evento na Praia da Costa. E o mais importante: a Associação de Moradores da Praia da Costa, pelo menos é o que se pretende, terá participação na elaboração destas condicionantes.

Quem sabe estamos entrando num novo momento, onde o Poder Público e a Sociedade Civil organizada poderão dizer a que vieram....

Que Deus nos ajude a termos um bom natal, um ótimo fim de ano, e que o verão de 2008 seja de paz para os turistas e para os moradores locais, que também querem aproveitar dos prazeres da nossa linda Praia da Costa.

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