O soprador de bafômetro
Após observarem a mão do guarda sinalizando parar no acostamento, eles escutam: Podem seguir, bem devagar, pois houve um acidente logo ali na frente. Suspirando de alívio, o motorista desabafa: Graças a Deus! Pensei que o senhor fosse pedir a minha carteira; pois eu não a tenho! Vendo a mancada dada pelo colega, o carona emenda com as seguintes palavras: Liga não, seu Guarda! Ele, quando bebe, só diz besteiras!
Enquanto torcemos pela aplicação de pesada multa sobre esse tipo de motorista, esquecemos dos outros, que, ao contrário, são vítimas das mazelas do tráfego.
Falemos, então, deles e de seus automóveis, essas máquinas maravilhosas que passam o tempo todo: driblando bicicletas, motos e imprudentes pedestres; fugindo dos ônibus, de “flanelinhas”, de radares e daqueles, prá lá de chatos, entregadores de panfletos; esquentando o motor e a paciência nos quebra-molas e engarrafamentos; saltando por cima dos buracos para poder chegar ao destino, e quando chega não achando lugar para estacionar. Quando encontra uma vaga, descobre que é garagem. Aí, ele tenta chegar um pouco à frente e descobre que é ponto de taxi. Dá um pouco atrás e descobre que o desejado espaço é do deputado, do desembargador, ou de outra autoridade do governo. Desistindo, ele resolve voltar para sua casa e leva uma batida na traseira. Resultado: reboca seu carro para uma oficina, onde não há problema de espaço. É exatamente lá, que o carro permanecerá estacionado mais tempo.
Meu prezado leitor: Você é um motorista nervoso e estressado?
Você buzina tão logo abra o sinal, porque acredita que o carro da frente não quer andar?
Por outro lado, acha que o motorista de trás é um imbecil, quando você demora a largar e ele imediatamente começa buzinar?
Você tem vontade de sair do carro e esgoelar o motoboy que lhe dá uma fechada, levando seu retrovisor como lembrança?
Você pensa realmente que todo pedestre que atravessa a faixa, sem verificar que o sinal está fechado para ele, é um idiota?
Você tem vontade de abandonar o carro, para fugir de um possível assalto, quando fura um pneu no meio da estrada ou numa rua deserta?
Você reluta em discutir com o policial de trânsito que insiste em multá-lo após o teste do bafômetro, não porque você tenha bebido, mas devido ao seu desconcertante mau hálito?
Caso você tenha respondido “sim” a todas as perguntas acima, você não é, absolutamente, um neurótico, mas simplesmente um motorista.
Caso tenha respondido “não” a qualquer das perguntas, siga meu conselho: Compre um carro!