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Dr. João Evangelista
Gastro-enterologista

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Ecos da Praia da Costa

O Sol na Praia da Costa, de amor a fazia esquentar. A noite ela era tão linda; causava ciúme até no luar.

Naquelas areias douradas, deitava a me bronzear. Olhava as belas meninas, brincando com os guruçás.

O azul brilhante do céu me convidava a nadar. O vento, lambendo meu corpo, fazia todo ele arrepiar.

Carregado de paixão, não via o tempo passar. Levando todos meus sonhos, pra depois me acordar.

Olhando pra tão longe, vou andando no calçadão. O passado que tento enxergar; só vejo no meu coração.

Basta fechar os olhos, pra ver o que ele guardou. A presença da Praia da Costa; esse paraíso que me inventou.

Cavo fundo na minha memória, como na areia fazia o pequeno Tatuí. O tempo levou meu presente, mas deixou minha saudade aqui.

Praia da Costa, tão gostosa; minha infância, meu lugar. Já fui seu amante querido, vivendo a te abraçar, e como admirador eterno, suas histórias posso contar:

Assim como eu, muitos pensam terem sidos os primeiros amantes da Praia da Costa; doce engano. Nos distantes anos de 1500, contam os portugueses que em nosso belo balneário alguns índios, querendo impressionar as donzelas aborígines, surfavam montados em baleias. Munidos de estacas pontiagudas, eles entravam no mar e tentavam escalar o dorso dos cetáceos. Tendo conseguido, espetavam as lanças, atravessando o "leviatã" de um lado para o outro, transformando tal parafernália em cabresto de rodeio. Nesse momento, ferido, o enorme mamífero mergulhava e levava o "surfista" junto. Aquele que conseguia permanecer mais tempo em cima do animal e debaixo da água, era o mais cortejado pelas nativas da praia. Os antigos amantes, mesmo tão valentes, acabavam morrendo por amor.

Recentemente eu presenciei um caso de amor mal correspondido que, se não fosse pela tecnologia moderna, o sedutor teria se afogado na líquida alcova. Vamos aos fatos: Entre os admiradores da Praia da Costa, aqueles que mais desconhecem as manhas dessa atraente amante, são os nossos simpáticos turistas. Ontem, sábado ensolarado, a Praia da Costa vestiu seu belo traje azul marinho, colocou seu belíssimo véu de espumas, calçou suas sandálias de areia, penteou suas majestosas ondas com o vento e aguardou a chegada do primeiro incauto. Babando de admiração, suspirando de desejo e inebriado de excitação, lá vai nosso visitante abraçar sua diáfana amante. Quente, molhada, voluptuosa, insinuante e com movimentos prazerosos de vai e vem, ela foi envolvendo seu conquistador até que, quando deu por si e tentou tomar pé da situação, percebeu que estava sem ar e se afogando. Pasmem! Nosso herói lançou mão do celular para pedir socorro, sendo o primeiro afogado a ser salvo, surfando nas ondas eletromagnéticas do rádio!

O céu está tão azul, jogando sua cor no mar. Caminho na areia da praia, com o meu olhar a contemplar as ondas do mar, que minhas pegadas irão apagar.

Minha sublime Praia da Costa; silenciosa testemunha daquilo que não mais existe e de quem já foi embora. Acredite, talvez um dia voltemos; aqueles tempos de outrora. Não como jovem bronzeado; mas como uma estrela da aurora. Traremos aqueles que se foram e que viraram natureza, para, junto de ti, aumentar sua grandeza; deixando de ser o pó na terra amada, para se juntar aos grãos de sua areia dourada!

 

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