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Dr. João Evangelista
Gastro-enterologista

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Pílulas do Prazer

O tema que irei abordar é literalmente gozado e palpitante!

Lembro-me bem quando nós, médicos, fomos apresentados ao primeiro medicamento efetivo para disfunção erétil: Muito prazer! Meu nome é Viagra!

Esse fármaco funciona mesmo, ou é gozação? Perguntei ao representante.

Penso que seria melhor dizer que, se tem gozação, é porque funciona!

A questão em torno da antiga impotência sexual, hoje denominada disfunção erétil, vem sendo debatida há séculos. Manter a ereção durante o coito, de forma satisfatória e duradoura, vem sendo tentado mesmo antes de se conhecer a fisiologia da ereção, que mostra o processo de congestionamento do sangue nos tecidos cavernosos do pênis. Interessante que, intuitivamente, já se utilizava mecanismos para reter a circulação no membro. Citamos por exemplo, o uso de anéis na região posterior do pênis, evitando a saída do sangue, conseguindo, com isso, ampliar o tempo de ereção.

Convém lembrar que o órgão sexual muitas das vezes entrava em isquemia, pela diminuição do aporte de glicose e oxigênio, e necrosava. A dor produzida pela privação daqueles elementos fazia fracassar o ato sexual.

Outro processo mecânico e bizarro era colocar lagartas-fogo sobre o pênis, durante alguns minutos. A liberação de substâncias urticantes existentes nesses seres causava produção de histamina pelo corpo gerando a formação de edema, tornando o membro mais volumoso, mas não necessariamente mais túrgido.

Posteriormente tentou-se psicanálise, justificando-se que a ereção depende da psique, o que não deixa de ter um fundo de verdade, afinal o indivíduo ansioso libera adrenalina na corrente sanguínea que imediatamente favorece a fuga do sangue dos tecidos cavernosos, tornando o membro flácido.

Todos nós sabemos que a excitação sexual depende também da fantasia, motivo pelo qual dizem que o maior anticoncepcional que existe é o mau-hálito!

Por outro lado, convém lembrar que ela também pode ser frustrada pela falta de ereção. É o caso, por exemplo, do álcool, que aumenta o apetite, mas diminui o desempenho.

Em função disso, surgiram, após longos anos de pesquisas, os chamados restauradores da função erétil. Tão logo apareceu o Viagra, surgiu a pseudo-informação de que ele dava tesão. Muitas pessoas, completamente desinformadas diziam que o medicamento não funcionava; afinal ele não abre o apetite sexual, não gera fantasias, não transforma bruxas em princesas.

Conta-se que um cidadão, deslumbrado ao ver seu pênis intumescido, após ter utilizado o medicamento, ao ouvir sua esposa dizer que queria transar, respondeu: Que transar nada, eu vou sair para mostrar para os meus amigos!

O segundo medicamento lançado no mercado goza o privilégio de poder ser ingerido com álcool. Algumas pessoas utilizam a bebida para criar fantasias. Já vi um bêbado dizer para uma mulher: Eu espero que você continue bonita quando eu ficar sóbrio!

Deitado na cama, um cidadão, após tomar Levitra, vê o lençol subindo, enquanto sua esposa entra no quarto. Nesse instante o lençol começa descer e ela pergunta: O que houve? Ele responde: Nada. É que ele te reconheceu!

Finalmente, temos no mercado o produto Cialis, que apresenta o benefício de fazer efeito 36 horas.

Confesso que casais apaixonados, mas sem muita performance, até necessitem desse medicamento, mas acho meio difícil manter a fantasia sexual 36 horas seguidas! Informado que já existe um remédio que faz efeito 36 horas, um cidadão disse: Sim, mas o que é que eu vou fazer com as outras 35?!

Para concluir, convém lembrar que todo e qualquer medicamento deve visar restabelecer uma função, e não criar uma nova. Por essa razão, alguns remédios insistem em perder seus efeitos, caso sejam utilizados de forma contínua, ou sem indicação.

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