Drogas: o melhor é a prevenção
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) uma pessoa bem informada tem menor possibilidade de usar drogas. Mas infelizmente somente a informação não é suficiente para evitarmos o uso indevido das drogas.
Quando falamos de prevenção não podemos esquecer que as três instâncias da prevenção têm a sua real importância.
A prevenção primária que é para evitar ou retardar a experimentação do uso de drogas, tem por finalidade esclarecer, clarear e desmistificar as informações do uso de drogas e seus efeitos. Portanto, refere-se ao trabalho que é feito junto às pessoas que ainda não experimentaram, reduzindo o risco de surgimento de novos casos.
A prevenção secundária tem como objetivo atingir as pessoas que já experimentaram ou que fazem o uso eventual de drogas. A informação neste momento nem sempre é efetiva e em alguns casos é recomendada a psicoterapia que pode ser tanto para que a pessoa possa refletir sobre o significado do uso da droga e/ou também para iniciar um processo de autoconhecimento e, se for necessário, receber intervenções para evitar que um estado de dependência se estabeleça, e assim, ter a oportunidade de fazer escolhas mais saudáveis. Por isso, é muito importante esta atitude preventiva de evitar que o uso se torne compulsivo e danos maiores à saúde.
Por último temos a prevenção terciária que diz respeito às abordagens necessárias no processo de recuperação e reinserção social dos indivíduos que já tem problemas com o uso ou que apresentam dependência, e tem como objetivo essencial evitar a recaída, visando à reintegração do indivíduo na sociedade, possibilitando-lhe novas oportunidades de engajamento na escola, nos grupos de amigos, na família, no trabalho etc. Portanto este tipo de atenção é mais produtivo e adequado se for feita por um profissional de saúde, de preferência um especialista, que possa ajudar ao dependente e a sua família a desenvolver estratégias voltadas para reabilitação e reinserção na sociedade.
Não é possível saber com antecedência quem irá ter maiores problemas com o uso de drogas. Assim como no uso do álcool não temos como identificar quem poderá desenvolver a síndrome do alcoolismo, nas outras drogas também não sabemos, embora tenhamos que ter muito cuidado com algumas drogas especificas como o crack. Essa droga, além de ter o poder de levar o usuário para a dependência, torna-se muito perigosa.
Segundo estudos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o crack é uma droga muito potente e provoca efeitos mais fortes do que álcool e a maconha, por isso provoca dependência agressiva, exclusão social do usuário e desagregação familiar, além de estimular a criminalidade.
Portanto salientamos a necessidade de ações repressivas, pois a repressão e a prevenção embora com posturas diferentes, são complementares e tem papéis importantes na sociedade.
A repressão tenta reduzir a oferta de drogas, e tem como objetivo dificultar o acesso às drogas, e para realizar um trabalho com ações preventivas precisamos desenvolver contatos para formar uma rede de atendimento na comunidade.
Para mobilizar um grupo dentro da comunidade, muitas vezes, é preciso iniciar algum trabalho em uma instituição da região, que pode ser uma escola, associações, clubes, entre outros. Com o envolvimento dos alunos, pais, professores e funcionários, podemos expandir as ações para a comunidade ao seu redor, envolvendo líderes comunitários, religiosos e grupos de jovens.
É necessário que as ações sejam desenvolvidas em vários âmbitos, com ações integradas entre as diferentes áreas sociais. Sempre o melhor é prevenir do que remediar!
Elaine Bello Bonorino - Psicóloga especialista clínica e especialista em dependência química