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Mais um mensalão, agora do Democratas

Foi divulgado no fim de semana mais um mensalão no país. Primeiro foi o mensalão tucano de um esquema que girava em torno de Eduardo Azeredo (PSDB) e do publicitário Marcos Valério. Depois veio o mensalão petista, Delúbio, Zé Dirceu e outros foram envolvidos com o mesmo Marcos Valério. Agora chegou o “Panetone Gate” com Arruda (governador do DF – DEM), o seu vice, Paulo Otávio (DEM) e outros personagens “menores”.

O cidadãos comum, vendo essa repetição de práticas políticas imorais e ilegais (entremeadas com escândalos como o do Senado Federal) fica com a impressão de que não tem jeito.

Volta a cantilena conformista. “Sempre fomos assim”, “A nossa história é cheia de exemplos iguais ou piores” e por aí vai a arenga monótona e tediosa.

As coisas têm jeito. Nada rápido, nada fácil e nada que seja tarefa de algum super-homem. É algo demorado, com relativa complexidade e tarefa coletiva.

Com mais esse episódio algumas evidências vão se cristalizando no sentido de onde temos que atacar o problema.

Uma questão fundamental é a punição. Não é possível deixar esses espetáculos canhestros (cuecas e agora meias) passarem impunes. A impunidade tem duplo e péssimo efeito. Por um lado cria a situação para que a “cultura do conformismo” se propague com cada vez mais força e, por outro, estimula o cometimento de novos e novos crimes de corrupção e improbidade administrativa.

Uma segunda questão é a necessidade de ampliarmos e melhorarmos, muito, os controles internos e externos. As evidentes evidências (desculpem o pleonasmo) falam por si mesmas da baixa performance, para dizer o mínimo, de nossos sistemas de controle.

O terceiro ponto é a necessidade de integrarmos os órgãos de combate à corrupção. Juntos Receita Federal, Polícia Federal, ministérios públicos e outros podem fazer mais e melhor do que hoje fazem. A interação deve se dar em todos os aspectos cotidianos do trabalho. Desde as operações até o compartilhamento de informações e estratégias.

Parece-me, ainda, claro que devemos investir cada vez mais num trabalho de prevenção. Impedir a corrupção de crescer e prosperar é economizar milhões de reais aos contribuintes brasileiros. Insistir apenas no processo de repressão – que é, evidentemente, necessário – é algo que nos mantêm apenas “enxugando gelo”. A recuperação dos ativos desviados é algo, ainda, muito pequeno em relação aos montantes desviados, até pela dificuldade da legislação internacional.

Tudo isso, no entanto, tem um preço: a mobilização da sociedade. O sistema político, a mim isso é de uma evidência cristalina, por mais que tenha entre seus constituintes pessoas de valor, não tem, como coletivo que é, capacidade para engendrar as mudanças necessárias.

Votar, com essa preocupação, parece um bom caminho, mas não é suficiente. Se a sociedade não sair do seu estado de alienação e de interesses pessoais a solução poderá, claro, vir um dia, mas será mais lenta, penosa e difícil.

Temos que nos mexer, e já.

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