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Porteiro conta como chegou à advocacia

PorteiroAdvogado_fmtSe você acredita ser impossível vencer novos desafios, Paulo Amarino Alves, porteiro há 13 anos, cursando faculdade de direito há 2 anos e meio, explica a fórmula do sucesso.

Ele começou a trabalhar aos oito anos de idade em uma carvoaria. Aos quatorze já tinha carteira de trabalho assinada. Filho de uma família de onze irmãos, Seu Paulo, levou uma vida difícil. Apesar de todas as dificuldades, ele nunca desistiu do sonho de se tornar advogado.

Casado com Maria Celeste Cardoso, auxiliar de serviços gerais do edifício onde trabalha, na Praia da Costa, aos 30 anos resolveu ir atrás de suas metas. “Como tinha parado de estudar na sétima série, precisei recomeçar daí”, explica. Para quem pensa que ele cursou supletivo, se engana! O porteiro se matriculou em uma escola de ensino fundamental e recomeçou passo a passo.

Atualmente, seu Paulo, ou doutor Paulo, como já é chamado pelos vizinhos, está no quinto período do curso de direito, e mesmo trabalhando no horário noturno, estuda pela manhã e só dorme à tarde para não sentir sono durante as aulas. Faltar? De jeito nenhum!

Montado em sua bicicleta, vestindo terno e gravata, quando anda pela vizinhança, é chamado de doutor. Mas não são todos os moradores que estão acostumados com o gabarito do moço. Certa vez, foi confundido com um pastor religioso. Quando contou o episódio, em entrevista ao Jornal da Praia da Costa, não conseguiu conter uma gargalhada: “Fui abordado por uma frase que me surpreendeu: ‘A paz do senhor, meu irmão!’”. Ele explica que para conseguir traçar seu caminho foi preciso muita determinação, mas reconhece que muita gente o desanimou a estudar. “Já ouvi a frase: ‘papagaio velho não aprende falar!’ Hoje a mesma pessoa me chama de doutor”.

Uma das coisas que mais valoriza na sala de aula é o tratamento de igualdade entre os colegas. “Muitos já têm suas profissões, e são formados em outros cursos, mas não há diferença entre nós, sentamos lado a lado”.

Mesmo a um passo de se tornar advogado ele valoriza sua atual profissão. Recentemente participou do curso de porteiros na Associação de Moradores da Praia da Costa e diz se empenhar no que faz. “Já me considero um vencedor. Basta ver de onde vim e onde estou”.

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