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Dr. João Evangelista
Gastro-enterologista

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2010

Hoje, olhando você nascer,
O meu coração sorri,
Mas você não vê.
Pois preciso, esconder meus sonhos,
É o medo de deixá-los com você,
Querendo, mas ainda a temer,
Um alegre começo, com um triste fim.
Embora não saibas, já te amo,
Te amo em mim.
Mesmo, sem você saber,
Pra onde eu for; eu levarei você.
Durmo, e lá estará você,
Vivendo meus sonhos, saber o que penso; o que sinto.
Acordo e grito enfim,
Que embora não saibas,
Já te amo; te amo em mim.
Venha Ano Novo, nascido 10 e cortejado.
Cheio de vida e promessas,
Chegando pra ser amado.
Adeus Ano Velho, que nos deixa tanto regalo.
O tempo quer que você morra,
Mas suas lembranças não têm coragem de matá-lo.
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“Consultas escatológicas”

Algumas profissões primam pelo estresse, periculosidade, rotina, imprevistos, singularidade, entre tantas outras esdrúxulas situações.

Ouvi, certa vez de um abalado cidadão, emocionado depoimento, desabafando que, após o expediente de um dia de cão, chegou a sua casa, trancou todos os portões de ferro, tampou todas as saídas, fechou todas as portas com duas voltas de chave e calafetou todas as janelas. Meu Deus, disse ele: Eu esqueci o buraco da fechadura! Tarde demais, o diabo já havia entrado.

Trafegando numa rua nas imediações de uma igreja evangélica, eu presenciei quando uma bela fiel saiu do templo, clamando para um bêbado: Aleluia! Aleluia! Ontem, eu estava nos braços do demônio! Hoje, eu estou nos braços de Jesus! O bêbado emendou: E pra amanhã, a senhora já tem algum compromisso?!

Por ser uma profissão que lida com o padecimento do corpo e também com as mazelas da alma, o médico é susceptível de se deparar com casos, por vezes, bastante inusitados.

Relata a esposa aflita, sobre seu calado marido: Doutor! Esse homem agora deu pra passar mal no meio da frase!

Como é que é?! Indaguei.

É doutor, ele começa sempre me contando um caso e de repente para no meio da frase e diz: Hã, eu não estou nada bem.

Meu prezado, perguntei recentemente para um hipocondríaco paciente, após ouvir seu rosário de queixas: Você costuma sair e se divertir, ou passa o tempo todo em casa, pensando em doença?

Ele respondeu: Claro que eu me distraio. Ontem mesmo, fui acampar no pátio da Santa Casa de Misericórdia! Semana passada, eu participei de uma necropsia lá no Instituto Médico Legal! Estou convencendo minha esposa de sair comigo amanhã, para eu comprar um desfibrilador cardíaco e um aparelho de verificar pressão!

Doutra feita, um doente bastante debilitado, preocupado com o diagnóstico, nada favorável, de um colega, procurou o padre de sua igreja, para colocar sua vida espiritual nos trilhos.

Disse o pregador: Meu filho, já que o médico falou que você não tem mais jeito, o jeito, agora que a morte se aproxima, é negar o diabo!

Contestou o candidato a moribundo: Calma lá! Antes de ter certeza para onde vou, eu não quero me incompatibilizar com ninguém!

Semana passada, eu atendi, na rede do SUS, um paciente que já tinha consultado comigo há quatro dias. Ele reclamava que sua diarréia não havia cessado.

Perguntei: O senhor tomou o medicamento de maneira correta?

Meio embaraçado, ele desconversou, mas logo acabou dizendo que não havia dado tempo.

 Como não deu tempo?!

Sim, Doutor. Depois que eu saí daqui, munido com sua prescrição, necessitei ràpidamente ir ao banheiro. O lugar mais próximo era o sanitário do Posto Médico. Depois de aliviado, descobri que não tinha papel higiênico; o jeito foi usar sua receita! Mas, não fique chateado comigo não, doutor. O pior aconteceu quando eu sentei na privada. Como sou curioso, pousei os olhos numa frase que estava escrita na minha frente, na parede: “Leia mais embaixo”. Eu abaixei um pouco e, olhando mais pra baixo, pude notar outra frase, que dizia: ... “Mais embaixo”. Eu curvei um pouco mais e vi outra frase: ... “mais embaixo”. Eu abaixei mais ainda e, finalmente, li: “Cuidado, assim você vai acabar cagando fora do vaso”.

Para terminar esse estapafúrdio dia, recheado de bizarrices e idiossincrasias, ao sair do ambulatório, me deparei com um jovem colega médico que, cheio de orgulho e satisfação, sussurrou junto ao meu ouvido: Cara! Minha vida sexual está ótima! Estou comendo um negócio de televisão! Eu respondi: Já sei; é o controle remoto!