A intuição como arma terapêutica
Quanto mais o ser humano se distancia da natureza, mais ele vai se afastando de si mesmo, tornando sua existência dependente e complicada.
Muitos dos avanços conquistados pela medicina não ocorreram para corrigir os erros da natureza, mas sim para reparar os prejuízos criados pelo próprio ser humano, com suas dietas incorretas, seu sedentarismo apático, seu elevado grau de estresse, entre outros exemplos.
Vítima de misteriosas moléstias, o indivíduo primitivo somente podia contar com o instinto e a intuição para acalmar e debelar aquilo que atribuía à fúria dos deuses.
Muito do que hoje sabemos e compreendemos já era percebido pelos povos antigos.
Chorar sempre foi um santo remédio para aliviar o sofrimento. O que não se sabia era que as lágrimas retiram toxinas do corpo. Deve ser por isso que as mulheres vivem mais que os homens. Elas choram mais. As lágrimas lavam os olhos, essas vidraças da alma, para que eles enxerguem melhor. Deus nos deu o sofrimento a fim de realçar a excelência da alegria.
Ainda existem lugares remotos onde se combatem verminoses, ingerindo terra. Apesar do absurdo dessa atitude, convém lembrar que certos vermes provocam expressiva perda sanguínea no intestino do hospedeiro, levando a uma anemia ferro priva. Ao comer torrões de barro, sem saber, o paciente busca os sais de ferro ali existentes.
Durante muito tempo a atitude de oferecer água com açúcar para quem desmaiava por razões emocionais, gerava gracejos, embora surtisse imediata melhora. O gasto de energia produzido pela queima de glicose leva ao desmaio, essa inteligente maneira de colocar o corpo na horizontal, aumentando o aporte de sangue ao cérebro, necessário para o seu restabelecimento. A ingestão de açúcar restitui o equilíbrio.
Interessante notar nossa reação frente uma pancada na cabeça, por exemplo. A primeira atitude é esfregar o local com bastante força. Fazemos isso de forma intuitiva, pois a maioria não sabe que os sintomas arrefecem porque, para transportar a mensagem daquele estímulo tátil, o cérebro interrompe o transporte do estímulo doloroso.
Outra questão curiosa é a resposta do nosso corpo quando ameaçado por algo que implique na preservação da sobrevivência. Diante de uma ameaça, o indivíduo pode apresentar diarréia, vômitos, anorexia, incontinência urinária, e sudorese. O que faz uma pessoa frente ao perigo? Ela foge ou luta. Para isso, seu corpo deverá estar mais leve e ágil. Perdendo fezes através da diarréia, urina pela micção, e alimento pelo vômito, ela se torna temporariamente mais leve. Suando, diminui o atrito do corpo para melhor fugir ou lutar.
Estamos carecas de saber da relação entre preocupação e queda de cabelos. Quando estamos ansiosos, a produção de adrenalina provoca constrição nos vasos sanguíneos periféricos, por imperiosa necessidade de alimentar os órgãos internos. Caso, os vasos que irrigam o couro cabeludo permaneçam mais tempo com o fluxo sanguíneo diminuído, ocorrerá enfraquecimento da raiz dos cabelos, e eles tenderão a cair.
Hoje sabemos que o sal é danoso para os rins. Retendo água, ele sobrecarrega o funcionamento do coração, elevando a pressão arterial.
Quando os portugueses descobriram o Brasil, ofereceram sal para os indígenas. Instintivamente os nativos se recusaram aceitar, sentenciando: Isto encurta a vida!
Durante essa época, os navegadores, curiosamente, achavam que a cura do escorbuto poderia acontecer, comendo ratos.
Recentemente se descobriu que o rato, ao contrário do ser humano, sintetiza e armazena vitamina C, substância que evita o escorbuto, doença prevenida com o consumo de hortaliças e frutas, inviáveis nas caravelas.
Quando, ainda nos dias de hoje, chamamos uma planta de “erva daninha”, assim fazemos porque não conhecemos suas virtudes e propriedades.
A natureza provê ao que exige!