Os habitantes da Praia da Costa - humanos e caninos
Idomar Taufner
A Praia da Costa é dotada de uma densidade demográfica significativa, distribuída hoje, na maioria, em confortáveis prédios de apartamentos, muitos de excelente qualidade, proporcionando aos seus habitantes um alto grau de conforto, comparável aos centros urbanos mais sofisticados do país. Nesta verdadeira selva de pedra coabitam quase que harmoniosamente seres humanos e algumas espécies de animais, mais notoriamente CÃES, das mais variadas raças e tamanhos: pastores alemães, pitbuls, hotwailers, cokier spaniels, poodles, vira-latas e muitos outros.
O que se vê, nessa convivência quase sempre harmoniosa, é uma interação quase perfeita. Parece-me que os prédios residenciais não contemplaram “nossos melhores amigos” com dependências apropriadas, pois são eles obrigados a viver em promiscuidade com os seus parceiros “humanos”, não têm dormitórios, instalações sanitárias, áreas de serviço, de lazer e elevadores privativos. São, muitas vezes, obrigados a locomoverem-se pelos elevadores de serviço utilizados pelos outros usuários, causando-lhes vários tipos de desconforto, como suportar os odores dessa outra espécie. Costumam pernoitar e fazer suas necessidades fisiológicas sobre os noticiários até recentes e carregados da mais extrema violência. Talvez por isso sejam contaminados pelo nefasto mal do comportamento humano, tornando-se, assim, impacientes e agressivos.
Há aquelas pessoas que beijam seus amigos na boca, expondo-os aos riscos de serem contaminados por bactérias estranhas à sua espécie. Pobres cães! Até mulheres de má fama são chamadas pelo nome das fêmeas desses nossos melhores amigos, num desrespeito flagrante à sua reputação. Mas existe o lado oposto nessa convivência. Alguns privilégios são exclusivos dos cães. Por exemplo, podem fazer suas necessidades publicamente quando passeiam pelo calçadão da Praia da Costa, não significando isto qualquer falta de pudor.
Falta de pudor e de higiene é a dos proprietários desses animais que não recolhem os excrementos da via pública, permitindo que as pessoas que, ao caminharem por esses locais, levem para casa junto ao solado dos seus calçados essas imundícies. Esses cães são mesmo privilegiados enquanto caminham pelo calçadão, ruas e avenidas. Perderão tal privilégio, no entanto, se circularem em baixo da “Terceira Ponte”. Aí serão eles que levarão a fedentina junto às suas patas.
Quanto a nós, muitos idosos com problemas prostáticos e usuários de medicamentos diuréticos não temos opção para as nossas necessidades, pois em toda extensão do calçadão da Praia da Costa não há uma instalação sanitária sequer. A minha sugestão a quem de direito, na impossibilidade de dotar o local com instalações apropriadas, seria o plantio de touceiras de bananeiras ou outras plantas que alcançassem o mesmo resultado. Poderíamos fazer um retorno às nossas longínquas origens e, assim, não cometer o despudor de ter de realizar necessidades fisiológicas publicamente, já que não temos o mesmo privilégio dos cães.
Ainda sobre os cães. Não há como impedir que nos cantos dos muros e nos pés dos postes haja a presença de restos urinários dos nossos amáveis amiguinhos. Este é um costume próprio deles, que julgam demarcar o seu território. São assim mesmo; nós é que não os entendemos bem.
Nem só de coisas negativas devemos falar sobre esses nossos melhores amiguinhos.
Há muitas coisas interessantes a serem lembradas. Felizmente, a nossa cidade contempla os membros dessa espécie com várias clínicas e até “spas”, onde podem hospedar-se e obter cuidados para com a sua saúde, tais como serviços de médicos veterinários, medicamentos e, principalmente, as vacinas preventivas para muitas das enfermidades a que estão sujeitos; há uma boa quantidade de “pet shops”, onde são possíveis de serem encontrados rações, acessórios e roupas apropriadas.
Há alguns dias, quando caminhava pelo calçadão, vi uma coisa realmente inusitada: dois pequenos cães trajados a caráter fantasiados de “cowboys”.
Também neste final de semana, passando em frente a uma dessas casas especializadas em artigos para animais domésticos, vi que acontecia ali uma festa junina com os animais participantes devidamente caracterizados de “caipiras”. Vejo que os nossos melhores amigos trilham também os caminhos da arte e da cultura folclórica.
Estão de parabéns esses proprietários que valorizam seus animais de estimação, dando-lhes uma condição de vida “digna de cão”. Também àqueles que têm o hábito de cuidar da preservação da higiene coletiva, de modo a zelar pela saúde de todos nós “Humanos & Caninos”.
Comentários
Assine o RSS dos comentários