Turismo: cadê a gestão?
Os anos vão passando e vamos ficando mais “experientes” e vamos descobrindo que realmente sabemos muito pouco sobre muitas coisas, dentre elas está um novo personagem, sobre o qual ouvimos falar rapidamente somente no verão: o turista. Quem é este novo personagem do nosso cenário econômico, qual é o seu perfil, o que o atrai ou o repele, o que o faz retornar à nossa cidade, quanto e onde gasta o seu dinheiro, quem efetivamente (será que tem alguém?) lucra com sua passagem pela nossa cidade. São tantas as perguntas sem resposta que poderíamos listar uma página inteira.
Porém, se nada sabemos sobre nosso turista, pior situação constatamos ao questionarmos aos nossos gestores públicos, em todas as esferas de governo, o que sabem sobre o assunto. Parece que o turismo está na agenda de todos os gestores públicos, só que eles se esqueceram de consultar a agenda, dada a ineficiência das políticas públicas para suportar o desenvolvimento do turismo em nossa região, pois o que vemos são projetos isolados, sem sustentabilidade, sem pactuar com a sociedade quais projetos e como serão implantados. Não adianta dizer que nosso Estado tem vocação para o turismo, senão conseguimos fazer com que esta vocação se transforme em realidade, socializando os benefícios do desenvolvimento no seu entorno.
Talvez a resposta para todas as nossas perguntas esteja na singularidade do assunto. Nossos gestores públicos estão acostumados a discutir grandes plantas produtivas, vide CST, SAMARCO, ARACRUZ, entre outras. Temos que concordar que realmente o grau de dificuldade em discutir um grande projeto com meia dúzia de executivos é menor do que trabalhar todo um arranjo produtivo do turismo de uma região, chamar a comunidade para a discussão e conscientização do que é o turismo, o que ele pode render, quais serão os benefícios daquela região ao ser incluída numa rota turística. Enfim, é um trabalho hercúleo, demorado, mas que, com certeza, apresentará dividendos muito maiores para a sociedade local do que a implantação de uma siderurgia no nosso litoral.
Enquanto isso não acontece..., vamos continuar sem saber nada sobre turismo, recebendo os doentes da Bahia e de Minas Gerais, enquanto estes Estados priorizam o turismo, atraindo os consumidores para suas regiões, e nós vamos continuar recebendo o turista albergado, que traz o colchonete, e consome apenas coxinha, quibe e similares na praia.
Quantas pousadas surgiram nos últimos anos? Quantas linhas de credito (sem entraves) foram criadas? Quantas isenções foram dadas e nem precisam ser tão grandes quanto as das grandes plantas.
Ouvimos falar de plano 2025 (para quem sabe ler entende-se “plano grandes plantas”), onde o pequeno empresário não existe. Parece que desconhecem a história deste Estado, que sempre sobreviveu dos pequenos negócios da agricultura familiar de espaços como o pólo de confecções da Glória/Vila Velha, dentre outros. Parece que nossas lideranças desconhecem a forma geométrica que traduz nossa economia, a pirâmide; que poderia contar com um esforço de horizontalização de sua forma por parte dos nossos gestores, onde tudo ficaria mais fácil para a sociedade entender aonde vai a economia do nosso Estado.
Será que já houve a iniciativa, em qualquer esfera de governo, de colocar o turismo efetivamente na agenda? Quais foram as ações para chamar os segmentos envolvidos, sejam bares, restaurantes, pousadas, taxistas, agências de turismo, empresas aéreas, enfim, todos que possam colaborar, elaborando um plano de ação, com metas, cronograma e gestão comprometendo-se com a melhoria da qualidade no nosso turismo.
Não podemos deixar a oportunidade passar, “a hora é essa!”, senão fizermos, outros farão, e mais uma vez, vamos ficar para atrás, “sentados aqui na praça dando milho aos pombos”, como já dizia Zé Geraldo. Vamos sair da inércia vamos sair da inercia e contratar quem entende, a micro e pequena empresa agradece.