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Combater o crime organizado

Voltou à moda. Vira e mexe alguém fala sobre a “necessidade de combatermos o crime organizado” ou de que “eles não morreram” ou qualquer coisa por aí.

Nas décadas de 50 e 60 o jornalista e político Carlos Lacerda (UDN) era “mestre” em caracterizar seus adversários políticos como corruptos. Honesto era ele, ou aqueles que estavam ao seu lado, mesmo que antes corruptos fossem. A sua companhia devia purgar os pecados daqueles que lhe apoiavam.

A prática, demagógica e politiqueira, retorna.
Num país tão cheio de escândalos nada melhor que limpar a política dos corruptos, e esses são sempre os adversários, “elementar meu caro Watson”.

Quando nos aproximamos das eleições para os órgãos de poder ou de classe ressurge a cantilena udenista, talvez nazista ou stalinista, pois nomes não são falados, apenas sugeridos. Lacerda dava “nome aos bois”.

Combater a corrupção e o crime organizado supõe muito mais do que, usando de nosso messianismo, somente combater os “anti-heróis” da corrupção. Sarneys, renans, malufs e outros menos cotados devem sofrer a punição para seus delitos, isso é óbvio, mas apenas focarmos a punição, diga-se de passagem, tão difícil de acontecer em nosso país e em nosso estado, não resolverá os nossos problemas.

Fixar toda a luta contra as organizações criminosas (que se existem e estão assim tão ativas há tanto tempo mostram a incompetência da ação do poder público em combatê-las) nesses ícones da corrupção em nada nos leva adiante em seu combate.
Se quisermos ação contra essas organizações e não somente discursos, precisamos trabalhar várias ações. Essas devem ter caráter educativo, preventivo e repressivo.

Necessitamos de políticas de transparência pública, tão bem representadas por efetivos portais de transparência e não pelos arremedos que nos ofertam os governos nos dias que correm.
Necessitamos trabalhar a formulação de políticas estratégicas de combate à corrupção que se pautem pela integração dos órgãos de combate, pela formulação de “mapas da corrupção”, pelo controle efetivo e eficiente dos processos licitatórios.

Necessitamos trabalhar junto às escolas e famílias um amplo processo de educação para uma vida ética.

Necessitamos ampliar a participação da sociedade nas várias instâncias governamentais. Não é possível aceitar a cooptação de conselhos como tem ocorrido desde o âmbito federal até o municipal.

Necessitamos que os órgãos de controle interno e externo funcionem e tenham acompanhamento da sociedade civil.

Quem poderia fazer esse tipo de discussão, com ampla participação da sociedade, seria, por exemplo, um Conselho Estadual de Combate à Corrupção. Há muito falamos nisso na Transparência Capixaba, mas é sempre melhor levantar fantasmas, do ponto de vista dos resultados eleitorais que muitas vezes se buscam. O trabalho cotidiano, estratégico e preventivo, rende frutos mais perenes, mas que não conseguem ser personalizados na ação governamental. Triste sina a nossa se continuarmos apenas a agitar bandeiras e não concretizar ações. Esse filme já foi feito no passado e em nada resultou.

 

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