História de um Pescador
Muitas são as histórias contadas por pescadores. Algumas baseadas em fatos que não foram explicados, outras criadas da pura ilusão e fantasia das pessoas, e há aquelas ainda que retratam a verdadeira história de um povo.
Há muitos anos na Praia da Costa, o mar fornece a fonte de alimento e de sustento para muitas pessoas. Hoje só vemos os barcos, mas perto da pedra da sereia havia uma vila de pescadores, assim como na Praia de Itapoã, onde ainda podemos avistar algumas casas remanescentes. Mesmo com o crescimento acelerado, algumas famílias resistem, e continuam tentando preservar suas tradições. Senhor João tem 79 anos, e 63 anos de pesca. Ele é o pescador mais antigo e o único que manteve viva a fabricação artesanal de tarrafas, que são pequenas redes de pescar lançadas pelas mãos dos pescadores na busca de peixes.
Desde 1943 ele vive na vila dos pescadores, localizada na Praia de Itapoã. Uma atividade centenária. Quando senhor João ali chegou o lugar já abrigava muitas famílias, e pessoas já idosas que viviam do farto pescado e passavam seus ensinamentos de geração para geração. Mais conhecido como Zeco, senhor João afirma que a maioria dos pescadores que ali viviam, iludidos com o dinheiro oferecido pelas imobiliárias acabaram cedendo e vendendo seus terrenos, dando lugar a prédios de até 20 andares.
Hoje, ainda com a grande especulação imobiliária e o crescimento da população, essa tradição esta ameaçada e só o pescado, escasso, já não garante mais o sustento dessas cerca de 20 famílias remanescentes. O peixe na Praia da Costa é de passagem, tem dias que tem muitos cardumes, já outros, nem um sinal. Essa é a dificuldade de se viver só da pesca aqui, nos dias de hoje, acrescenta ele.
Em tardes quentes podemos vê-lo em sua varanda
fazendo as tarrafas. E quando perguntado sobre a
especulação imobiliária: “Não ha dinheiro que pague
esta vista. O mar é o especial”
Senhor João é o único pescador que produz as tradicionais tarrafas
de forma artesanal. Uma arte milenar!